sábado, 8 de maio de 2010

UMA PALAVRA...

para definir este álbum:



AMEI!!!


Parabéns Deolinda por conseguirem pôr-me viciada em dois dias neste vosso novo trabalho...

Mal posso esperar para saber os acordes para a guitarra de Ignaras Vedetas

sábado, 24 de abril de 2010

A vida é uma coisa estranha...

A senhora E. entrou no serviço de cardiologia no dia 30/01/2010 com o diagnóstico Insuficiencia Cardiaca + Insuficiencia Mitral Severa. Com 72 anos, apresentava algumas das consequencias deste tipo de patologias cardíacas: dispneia, hipotensão, vértigo, nauseas...

O estado dela foi-se agravando aos poucos... Um dia estava optima, outro dia muito decaída. Um dia bem disposta com muito humor negro, outro dia apática.
Todos os dias, os filhos a visitavam, ficavam um bom par de horas durante a tarde a ver tv, a jogar cartas, a conversar com a senhora, enfim...

Mas as dispneias tornaram-se muito constantes, principalmente no turno da noite até que por decisão médica e familiar em meados Fevereiro iniciou-se o tratamento com alprazolam e morfina oral para que sentisse mais relaxada e menos ansiosa, como também avisaram que em caso de paro cardiorespiratório não efectuassemos quaisquer medidas de ressurreição.

Em Março, uma das filhas me comentou que se iria casar. A senhora E. estava com períodos de desorientação, principalmente a nível de tempo, com anorexia por a propria comida lhe causar "ahogos"... Quando a filha me contou em que dia se casaria, de imediato comecei a fazer de contas de cabeça para premeditar uma possível morte de sua mãe.

Todos os dias a senhora E. perguntava à filha "é hoje que te casas?"

Pelo facto de esta senhora estar internada tanto tempo no serviço de cardio, a equipa criou uma excelente relação com a senhora E. e com a família que se demonstrava atenciosa com a mãe e bastante compreensiva com o nosso empenho.

Esta manhã encontrei a senhora E. muito sorridente, acompanhada por dois dos seus filhos vestidos a rigor... "é hoje que a minha filha se casa...", me disse ela.

Às 12h30, a filha apareceu na Clínica vestida de noiva, com um pedaço de bolo.
Às 15h25, chamaram-me por mim a avisar que a senhora estava com uma respiração gorgolejante, mal entro no quarto oiço-a a dar o ultimo suspiro.
Às 15h30 coube-me a mim cerrar os olhos e retirar a mascarilha de oxigenio e o cateter EV. A senhora E. faleceu muito tranquilamente, acompanhada por uma familiar, sem sofrimento, enquanto dormia a sua sesta...

terça-feira, 13 de abril de 2010

E é caso para dizer...

PORTUGAL À VISTA!!!


Apesar de ter um forte carinho por Barcelona, sinto que um ano é demasiado tempo aqui...

Aproveitei as férias da Páscoa para ir até Portugal e Galiza para umas quantas entrevistas que sem problema algum posso dizer que me foram arranjadas, com garantias que não são excelentes nem boas... são razoáveis...

Estou prestes a dar outro grande passo na minha vida profissional, pessoal, sentimental e todas as outras palavras terminadas em al...

Que a minha estrelinha da sorte me continue a perseguir...

... e já agora quero também que a minha estrelinha da sorte me ajude a pagar este bichinho lindo...

QUERO-O,
DESEJO-O...

Na garagem lá de casa... ou estacionado em frente ao meu portão na minha rua...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

saudades...

Continuo a sentir a tua falta, das nossas discussões quando cometia pequenos deslizes na minha condução, das comédias que víamos juntos na TV, das imensas conversas que tínhamos sobre a minha vida e da forma como eu lidava com ela, conversas sobre política, música, das aventuras que tu tiveste quando eras mais novo...
Deverias morrer bem velhinho, deverias assistir à minha missa de finalistas, acompanhar a minha irmã pela primeira vez à Universidade... Deverias estar a orientar-me das decisões que tomo, decisões tão simples de ir para ali ou para acolá ou até de escolher um carro... Deverias até prontificar-te a ajudar-me a paga-lo...Deverias estar a dar uma palmadinha nas minhas costas quando cometo um erro... até deverias estar aqui para me dizer "eu bem te avisei!".

Deveríamos ter restaurado juntos o teu clássico de estimação, que como dizias, deveria levar-me e a minha irmã no dia dos nossos casamentos... Mas tal como tu, por muito que tentássemos, o velho clássico acabou acabou por sucumbir pouco tempo depois de desapareceres....

Quatro anos, velhote, e apesar do tempo ajudar a curar as feridas, não consegue sara-las por completo...

domingo, 14 de março de 2010

A Eva

A Eva é uma auxiliar de enfermagem no meu local de trabalho. Sempre bem disposta, sempre risonha, sempre impecável. Solteira, 36 anos, nasceu em Salamanca e vive com a sua mãe nos arredores de Barcelona.
Há coisa de um mês e meio, eu própria fiz um bolo para lhe cantarmos os parabéns. Em tom de brincadeira, para a tirar do sério, comecei-a a chamar de abuelita tudo porque desde o Natal passado que se queixava de dores numa coxa.
Os médicos diziam que era uma espécie de problema de articulações e lhe prescreviam anti inflamatórios e analgésicos.
A Eva insistiu que lhe fizessem uma biopsia a essa perna. O resultado não poderia ser pior: um sarcoma de 16 cm em fase III-IV entre a coxa e a virilha. Um sarcoma que necrosou o próprio fémur e tecidos adjacentes. Um tipo de sarcoma que só conheciam dois casos iguais, ambos nos Estado Unidos. Que recomendariam começar com quimioterapia e radioterapia logo na semana seguinte. Que essa quimioterapia será uma quimioterapia que ainda está a ser estudada quanto ao seu nível de eficácia como a nível de efeitos colaterais. Literalmente era seria cobaia de todo aquele tipo de tratamento.
Estava com ela quando ela abriu aquele maldito envelope. Fui das primeira pessoas a abraçar-lhe e a dizer-lhe que tudo iria correr bem (com aquele panorama que mostrava a carta talvez a tentar enganar-me a mim própria, sei lá).
Nesse mesmo dia avisou que não voltaria a trabalhar na clínica.
A Eva teria que cortar o seu longo cabelo, tomar injecções para que não tivesse menstruação, ser submetida a uns quantos exames e ficaria hospitalizada durante o seu tratamento.
Dado que o hospital oncológico fica um pouco afastado de Barcelona e dado que acima de tudo não a queria visitar sozinha, hoje eu e outra colega ganhamos coragem fomos visita-la.
Como mantenho contacto com a Eva quase diariamente por telefone, nas nossas conversas falavamos de quase tudo, desde o mau feitio de um colega de trabalho até aos alimentos que ela tolera ou não...
E como sei que muitas vezes os hospitais não fornecem certo tipo de alimentos, levei na mochila umas quantas gelatinas e pão integral para que ela fosse comendo, tal como levei uns quantos cremes hidratantes e protectores labiais para proteger da secura cutânea própria da radioterapia.
Chegamos ao hospital. Tanto eu como a minha colega estávamos um quanto amedrontadas do cenário que iríamos encontrar naqueles corredores e no quarto da Eva.
Nos cruzamos com umas quantas pessoas que estavam com o cabelo raro e que passeavam com os familiares pelos corredores, pessoas emagrecidas, com olhos encovados e extremamente pálidas. Basicamente era impossível que não ficássemos com os olhos rasos de lágrimas.
A entrada do quarto dela inspiramos fundo e tentamos disfarçar o nosso medo com um sorriso.
Lá estava a Eva deitada na cama com uns quantos tubos com medicação endovenosa. Esboçou um sorriso de cansaço. Tinha os lábios secos, um dos efeitos da quimioterapia. O seu cabelo fora cortado até aos ombros, porque segundo ela não teve coragem de corta-lo todo no mesmo dia.
Estava muito inchada, própria de quem tem retenção de líquidos.
Referia dores e todo o corpo, especialmente no couro cabeludo que segundo ela parecia que se rompia...
Ver a Eva naquela cama fez-me retornar a 2005-2006 quando o meu pai foi hospitalizado e a carga emocional que todos nós passamos...
Pediu-nos ajuda para a levar ao WC e para que a duchassemos porque não tinha forças para se mover sozinha. Enquanto a ajudávamos falávamos de coisas banais, contávamos piadas e por momentos parecia a Eva que soprou as velas há um mes e meio.
Muito devagar comeu um copo de gelatina pois dizia que cada gole de água que tomava parecia que bebia um litro de golpe.
Contou-nos ela que a equipa de oncologistas lhe falou na possibiliade de amputar a perna mas que não garantiram salvação. Seria novamente uma espécie de cobaia para avaliar a eficácia dessa cirurgia no combate ao sarcoma. Não consigo imaginar a Eva com uma perna apenas...não consigo...
Estivemos com ela durante duas horas. E pretendemos voltar a visitá-la em breve como é obvio.
Este post é um desabafo meu para todos os que se dedicam a ler isto.
Pessoas tão fabulosas como ela e o meu pai, pessoas que nos cruzamos na rua, no trabalho, na fila do supermercado ou na entrada do metro, celebridaddes que lutam contra este maldito demónio... Esta doença não deveria existir... é muito sofrimento para uma pessoa só... Afinal o cancro não é só a existência de células tumorais no corpo... Cancro é também ser obrigado a cortar todo o cabelo, a ficar com as veias todas destruidas por tanta medicação, é ter desejo de comer uma gelatina e comer em quadradinhos pequenos com medo de ter uma nausea...
Cancro é quando estamos sofrendo num quarto de um hospital e os amigos não visitarem porque têm medo "de ficarem impressionados", é quando as pessoas olham para nós com uma compaixão...Cancro é...
Enfim...
Eva, espero que esteja equivocada quanto ao prognostico.

sábado, 13 de março de 2010

Amanhã DUO OURO NEGRO

Ouvi esta música no Youtube estes dias e estou totalmente viciada nela...
Dado que sou uma miúda que adora ritmos africanos mal posso esperar para passa-la para a guitarra...




AMANHÃ- DUO OURO NEGRO
Amanhã, vou acender uma vela da Muxima
Amanhã, levo para os meus santos flores de acácias
Amanhã, peço para toda gente que me estima
Amanhã, peço para o novo dia que virá (amanhã)
Em Amanhã,
Peço ao meu lema que faça com que eu volte
A morar na terra amada que me viu nascer
Quero chegar de madrugada
Para ver o sol raiar
Quero chegar de madrugada....... hoo
P'ra ninguém ver se eu chorar
Vou andar por aí com o meu violão
Vou à Mutamba, tomo um machimbombo qualquer
"Porr ma curia a naqui"
Sou igual a toda a gente
Na linha da terra nova
Só paro lá no Mossamgui
Com a minha gente entre mufete e conversa
E de madrugada, com Catambi e com Tambuita
Zag, zag, zag, zag
........ Zanga-zuzi até cair ... ( até cansar....)
Aiuehh..
Que é que vai fazer amanhã meu irmão?!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Enfermeiros a 300 euros

Este site esprefere uma noticia que espelha da mediocridade a que chega a nossa classe...
onde vamos parar?????